quarta-feira, 11 de abril de 2018

Saudades?

Queridos leitores,
Têm sentido a nossa falta?
A mamã tem andado muito ocupada e não nos dá acesso ao computador  para vos podermos escrever.
Eu e a Noori decidimos unir esforços: estamos a poupar para comprar o nosso próprio computador. Ela tem-se esforçado por comer menos (objectivo quase impossível para qualquer Labrador que se preze) de modo a que não seja preciso comprar um saco de 12kg ração todas as semanas. Eu estou a tentar perceber como é que a sanita funciona para ver se poupamos em fraldas. Para já, a Noori está a ter mais sucesso do que eu (anda toda orgulhosa do seu bikini body. Está ansiosa que a chuva dê tréguas para ir abanar a cauda para a praia!).
O nosso regresso está para breve, a Noori já o fareja.
Timmy
 
 

terça-feira, 28 de novembro de 2017

Cheguei aos 3 e fui substituída



É o meu aniversário. Querem saber o que fizemos de especial para o festejar? NADA! Sim, nada. Foi tão animado quanto o blogue no último mês (pelos vistos, não há tempo para mim nem para o blogue.). “Vamos aproveitar o fim de semana prolongado para festejar”, disseram eles. Da forma que isto anda, duvido. Passam os dias fora de casa, chegam tarde e com o miúdo. Um vai para a cozinha tratar do jantar, o outro para a casa de banho. Põe o Timmy na banheira e eu fico a olhar (as saudades que eu tenho de dar uns mergulhos… contentava-me em chapinhar naquela água com cheirete a Johnson & Johnson!) Jantámos todos, um deles acompanha-me num passeio express e, puff, já é hora de ir adormecer o Timmy, arrumar a cozinha, preparar coisas para o dia seguinte e…dormir. 
Hoje, pensei que seria diferente. Enganei-me (há cães com festas de aniversário de sonho, eu vi no Instagram e criei expectativas, confesso...). Sim, houve mimos mais prolongados, dirigiram-me umas palavras em tom estridente que eu não percebi (não sei o que é mais irritante: quando falam comigo usando voz de bebé ou voz muito aguda?!) mas não houve um grande passeio pelo Parque da Cidade, um mergulho no mar…  É quase meia noite, o meu dia está a terminar e eu estou aqui a desabafar. Não pensei que aos 3 anos já teria sido substituída por um modelo mais evoluído (na verdade, as crias de humanos aprendem truques a uma velocidade alucinante! É concorrência desleal…e são fofas! Tão adoráveis que só me apetece lambê-las).
Aguardo, ansiosamente, pelo fim de semana que se avizinha. A minha cauda está dormente de tanta excitação. Espero não me desiludir…
Noori

PS: Contava ter um computador de prenda de anos para vos poder escrever com mais frequência, em vez de andar sempre a pedinchar um emprestado, mas não tive sorte. Talvez no Natal... 


segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Visita ao récem-nascido: as perguntas

Os meus planos foram, literalmente, por água abaixo. Não me deixaram esperar até sábado e tive de ceder (foi a primeira cedência de poucas que farei, portanto escolham bem as batalhas que querem que vos deixe vencer. ihihih!).
Bem, já cá estou e sou apenas observador. Ainda não interajo. Passo muito tempo de olhos fechados porque a minha visão é turva. Em comparação, a minha audição é fantástica! Aproveito estes dias para me ambientar, perceber as normas sociais, conhecer as pessoas e adaptar-me ao fuso horário.Tem sido tudo muito agitado. Pessoas novas, a toda a hora, com vozes e cheiros muito diferentes. Escuto-as e percebo que fazem todas perguntas semelhantes. É bom. Daqui a 2 ou 3 meses, quando já souber falar e for com os meus pais conhecer os filhos dos amigos dele (FYI: não quero esperar mais do que 2 anos para que tal aconteça. Ou começam a aparecer “primos” ou os pais terão de arranjar amigos novos!), já sei quais as perguntas obrigatórias. Vou anotar para não me esquecer (são tantas coisas novas para aprender, convém escrever):
  • É parecido com o pai ou com a mãe? - Logo depois de formulada a pergunta, deve-se dar a opinião. 50% das pessoas diz que sou parecido com o pai, 50% com a mãe. Penso que não há uma resposta acertada. E há até quem diga que sou parecido com um dos bisavós porque... tenho falhas de cabelo! Que belo critério...
  • Dorme bem? - Durmo bem, obrigado. Consigo dormir quase 2 horas seguidas! Curiosamente, os pais discordam…
  • Tem cólicas? - Para já, não sei o que isso é, e espero não vir a saber. Pelos comentários que ouvi, é algo bastante desagradável.
  • Come bem? Já engordou? - Mau… ainda agora aqui cheguei e já começou o fatshamming?!
  •  E agora, como vão fazer com o cão? - Preciso de compreender melhor o contexto desta pergunta. Parece que, de alguma forma, a minha chegada implica a partida da Noori… mas não faz sentido!
Além das perguntas, também preciso de anotar os comentários e conselhos das visitas. São tantos e tão contraditórios que terão de ficar para outra altura. O meu estômago já está a dar horas e a mãe parece estar a dormir profundamente. Está na altura de pedir o lanche!
Memórias do Timmy

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

A aposta



A mãe tem andado muito entediada. Faltam poucos dias para, finalmente, ficarmos cara-a-cara e ela já não faz mais nada senão esperar por esse momento. Sabe que eu posso pregar uma partida e vir uns dias mais cedo, ou mostrar já que vou ser preguiçoso e atrasar-me. Recebe muitas mensagem a perguntar “Então, o bebé já nasceu? Já sentes algo?”. A ansiedade por estes lados é tanta que eu já sinto a pressão…
Como os palpites sobre a data em que eu me vou mostrar ao mundo são muitos (“eu acho que não passa da próxima semana”, “pela tua barriga vê-se mesmo que é só mais ou um dois dias”, “a posição da barriga mostra que ainda falta algum tempo!”, blá blá blá), os papás decidiram organizar uma aposta. Cada pessoa aposta uma quantia em dinheiro no dia em que acha que vou nascer e, quem acertar, ganha o dinheiro todo das apostas (espero que o vencedor tenha o bom senso de me oferecer uma prenda de nascimento e ficar apenas com os louros…).
Tem sido muito divertido ouvir os apostadores a tentar justificar a escolha do dia. Mais de metade serve-se do calendário lunar para que a sua escolha tenha algum fundamento cientifico e não passe de um mero palpite (e nestes casos baralho-me um bocado porque, tendo por base o mesmo calendário lunar, há apostas para dias diferentes. Pergunto-me o que terá a lua a ver com isto…). Outros, calculistas, pedem para ver o calendário das apostas e escolhem um dia que ainda não tenha apostadores para terem mais lucro. Todos eles se esquecem que tenho boa audição. Portanto, já escolhi o dia em que vou nascer. Vai ser aquele em que ninguém apostou. Ihihih! Estar aqui sem poder ver nada, só ouvir, deve ser recompensado de alguma forma!
Ninguém tinha seleccionado o dia de ontem e eu pensei que tinha chegado o momento. Depois, apercebi-me que os pais tinham planeado ir dar um grande passeio com a Noori no próximo sábado. Esse dia também está livre de apostas, por isso adiei. Decidi que vou nascer no sábado e estragar os planos com a Noori. Ela precisa de saber quem vai passar a mandar na família, e acho que será uma boa forma de lhe começar a explicar. Só espero que não surja um apostador de última hora e me force a mudar de estratégia…
Até já!
Planos e memórias do Timmy


quarta-feira, 11 de outubro de 2017

I-KÊ-Á ou I-KÉI-A?


Sou uma cadela moderna. Vivo num meio cosmopolita, tenho todas tecnologias de comunicação ao meu alcance e, naturalmente, sigo vários blogues de lifestyle. Nos últimos dias, fiquei a saber uma novidade: a IKEA vai lançar uma colecção dedicada aos animais de estimação, a Lurvig. Este conceito deixou-me um pouco confusa: é suposto haver diferenciação entre mobília para animais de estimação e mobília para humanos?! Compreendo que os gatos devam ficar confinados ao seu espaço, mas nós, os cães, merecemos mais! Aliás, eu gosto de fazer longas sestas no sofá Norsborg (aprendi com o Jeremias) que é usado por toda a família (estranhamente, os humanos usam o sofá cada vez menos. Deve ser uma forma de reconhecimento territorial. Nota mental: já não preciso de urinar o sofá: está marcado). Quando mudamos de casa, compramos alguma mobília nova na IKEA. A minha compra favorita, e aquela a que dou mais uso, foi uma cama Brimnes, escolhida na secção de mobília para humanos. E não é por isso que gosto menos dela. Pelo contrário, é espaçosa e confortável e até a posso partilhar com os ocasionais hóspedes.
Fui ao site da IKEA para tentar perceber que tipo de artigos integram uma colecção exclusiva para cães e gatos, e cheguei a várias conclusões: 
  • Os gatos são, claramente, beneficiados. Têm mais produtos, incluindo camas que se podem adaptar a estantes kallax (cá em casa temos muitas e usamos para fins diversos. Gosto quando as usam como apoio da mesa de jantar. Acabam por deixar lá travessas com comida que eu, astutamente, roubo);
  • Não há camas para animais do meu porte, devo assumir que posso continuar a usar o sofá comum;
  • Há coleiras e trelas reflectoras. A ideia é interessante, mas eu gosto de explorar o mundo livremente (#nomorecollars #freedogs);
  • Sacos de viagem? Que giro! Eu costumo viajar sentada no banco de trás, com o cinto de segurança (esse sim, adaptado a cães), enquanto aprecio a paisagem;
  •  Os sacos para apanhar cocó estão a bom preço, falta confirmar a qualidade. Aguardo;
  • Há um arranhador de unhas para gatos. Por favor, façam um para cães. No inverno, os passeios são curtos e não são suficientes para desgastar as minhas unhas. Pessoalmente, não gosto de ir à manicure. Ter um arranhador em casa daria imenso jeito;
  •  Gostei, especialmente, dum brinquedo: um disco. Espero recebê-lo ainda antes do Natal;
  •  Há mantas e almofadas. Essas nunca são demais (quando estou mais aborrecida gosto de roer os cantos das almofadas. Sou tão fofa!).
E por aí? Há diferenciação entre mobília para humano e mobília para animais de estimação ou gostam de partilhar, como nós? 
Noori

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

4patas no mar




Como o Timmy já vos disse, domingo fomos à praia. Quando ele ainda não fazia parte das nossas vidas, ir à praia, rio ou lago, era o momento alto da minha semana. Fizesse sol ou chuva, calor ou frio, se me soltassem da trela quando tinha água no horizonte, era mergulho certo. Nem que fosse numa pequena poça de lama. Depois, os mergulhos tornaram-se cada vez menos frequentes e eu comecei a criar menos expectativas de cada vez que íamos passear. Contentava-me com uma corrida no parque, uma volta ao quarteirão.
Saímos de casa no domingo e eu nunca suspeitei que fossemos à praia. Ainda estávamos em viagem, quando a janela do carro se abriu (gosto de pôr o focinho de fora e apreciar os odores com que nos cruzamos) e comecei a sentir o cheiro a maresia. Fiquei em êxtase. Estacionamos, saímos e, entre organizar as tralhas (sair de casa com o Timmy implica sempre trazer 3 ou 4 sacos de inutilidades) e preparar o miúdo, eu não aguentei a espera, roí a trela e corri em direcção ao mar. Que felicidade! Estava, finalmente, na minha praia. Nadei, corri atrás das bolas perdidas, intimidei surfistas com a minha agilidade a enfrentar as ondas, posei para fotografias e selfies, fui estrela de várias stories no instagram. Estava no limite das minhas forças, fui para a toalha secar junto ao Timmy, que estava entretido a fazer um buraco na areia. Foi então que ele me tentou  com um pedaço de bacon (em retrospectiva, devia ter desconfiado desta atitude. Quem é que leva bacon para a praia?!). A muito custo, arrastei-me para perto dele, embriagada pelo cheiro a carne de porco fumada. Atirou o pedaço de bacon para o buraco e eu, gulosa incurável, fui atrás. Engoli-o num ápice, nem consegui sentir o sabor. Foi então que o Timmy começou a encher o buraco. Eu, sem energia, resignei-me e deixei que  me usasse como um mero brinquedo. Cobriu-me de areia, riu-se, tirou fotos e eu, lá fiquei, com ar indignado enquanto planeava a minha vingança. Mas isso é algo que vos contarei noutra altura.
Venha o Inverno para o Timmy ficar em casa e eu ter direito a passeios exclusivos à chuva com poças de lama incluídas.
Noori